quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O verdadeiro assassino de Norma


"Estaríamos vivendo o desmanche da civilização do livro e dos conteúdos seriados e sistematizados, entrando no mundo veloz, contingente, fluido e mutável da civilização audiovisual, cuja marca é a incerteza e a expectativa do novo, a cada minuto?" 

Durante uma semana estive reunido com estudantes de todo o Brasil no Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, ENECOM, que aconteceu em Belém de 24 a 31 de julho. Dentre os debates e as diversas questões levantadas discutimos sobre um eixo interessante nos estudos da Comunicação: A Educomunicação.
Mas, o que isso tem haver com o título e a referência com a novela global?
Aproveitei o "boom" de uma produção da Rede Globo, para trazer a tona uma reflexão sobre a apropriação dos meios de comunicação massiva por pequenos grupos de grandes corporações que impõem uma realidade inexistente a um país que tem a 7ª maior taxa de analfabetismo da América Latina.

"Enquanto a educação está presa ao Estado - fragilizado, sem poder e pobre -, naquilo que o Estado tem de pior, que é a burocracia; a comunicação vincula-se ao mercado, aprimora-se constantemente, tem liberdade na construção do seu 'currículo' e de sua forma de agir."

Paulo Freire alertou sobre a importância de se vincular a comunicação aos processos educacionais. "O homem é um ser de relação e não só de contatos como o animal; não está apenas no mundo, mas com o mundo". Enquanto a comunicação massiva se aprimora dos mais diferentes e equipados recursos com sua inegável excelência de produções, a educação entra em um nível cada vez mais escasso de recursos pedagógicos e interativos sem reflexão sobre a realidade cultural de cada região. Recebemos milhares de informações simultâneas e não conseguimos refletir sobre elas.

"Trata-se de um modo de interação que afasta a ótica puramente instrumental da tecnologia comunicativa e informativa"

Visamos trabalhos em grandes agências de publicidade, jornais, emissoras, e vislumbramos sucesso e um bom salário na nossa carreira profissional. Isso é válido, e importante. Mas, será que já paramos para refletir sobre nosso papel social como comunicólogos? O desafio da nossa sociedade, cada vez mais "(des)informada" é encontrar maneiras democráticas de expor seus desejos, anseios; deixarmos de ser meros expectadores e tornarmo-nos protagonistas de fato.

@Chicofernando


Citações - Artigo:
Ismar de Oliveira Soares
Coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE)
do Departamento de Comunicação e Artes (ECA-USP).
Vice-Presidente do World Council for Media Education (WCME).