terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mais gêneros no cinema do Ceará

Mas uma matéria na íntegra do Colunista Nílbio Thé, da coluna Mirante do jornal Opovo. Vale a pena conferir.

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No Festival de Cinema de Paulínea, um dos maiores polos cinematográficos do Brasil (e que, cedo ou tarde, será assunto aqui também), o Secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito defendeu que o Brasil deve explorar mais gêneros cinematográficos: “Tem um monte de coisas que a gente não faz. A gente não faz terror, não faz trash, a gente tem poucos filmes gospel, a gente não faz filme de caubói. A gente está muito preso, falando de nós mesmos”. Como tudo na vida, essa declaração tem pelo menos dois lados: ao mesmo tempo em que é muito interessante é também muito... imbecil. Ou ingênua, para usar um eufemismo que cabe a um secretário do MinC.


A fala do secretário atenta que é necessário diversidade em tudo, sobretudo em potenciais manifestações industriais da arte como o cinema. Só teremos democracia cultural plena quando houver espaço para todos. É só vendo de tudo que garantiremos uma formação cultural completa com acesso a várias opiniões e visões diferentes de vários assuntos. No dia em que tivermos espaço para o nosso filme ruim, é porque também teremos garantido espaço para o nosso filme bom. Além do que gosto é que nem... bom, deixa pra lá. Mas como Cannito colocou, e isso é ruim, é como se precisássemos nos espelhar na indústria gringa para termos nossa autossuficiência. Dizer que estamos “presos falando de nós mesmos é ignorar a célebre frase de Tolstoi “se queres ser universal começa por pintar tua aldeia”, (e volto a falar da perfeição “universal” do cinema iraniano), e uma máxima ecológica muito proferida por Lennon: Pensar globalmente, agir localmente. Cannito quer o contrário: que pensemos no mercado global, que façamos filmes “tipo exportação” e não percebe que está direcionando a produção para um “não lugar estético”.


Existe uma polêmica, fazendo uma analogia com a gastronomia, em torno de um dos mais influentes críticos de vinho do mundo; Robert Parker. Todo mundo quer tanto agradá-lo que acaba fazendo o mesmo tipo de vinho: o que ele gosta, padronizando uma produção que deveria ser diversificada. Então, a quem agradaríamos fazendo filmes trash? Ainda na gastronomia imagino o que seriam de chefs cearenses como Faustino e Fernando Barroso se fossem acusados de estarem “presos” à sua própria terra: “deixem de trabalhar com Tilápia, usem atum que todos conhecem!”, ouviriam, talvez.

Penso no que nos levaria a usar um gênero “ícone” do cinema americano como o western. Já fizemos isso com nossa avacalhação cômica em Um Pistoleiro Chamado Papaco e Matar ou Correr, mas poucos povos conseguem reelaborar temáticas estrangeiras com nível comercial e estético tão elevado como o italiano: seus fumetti (HQs Italianas), praticamente não tem personagens italianos e se passam na Inglaterra, no Brasil, nos EUA... E a despeito de tudo são, extremamente... italianas!, assim como seus filmes de caubói: melhores que os americanos, justamente por se preocuparem em “se agradar”, e não a um crítico ou ao mercado.


É fato que desde o período Barroco (vide Afonso Romano de Sant’Anna) que nos apropriamos e digerimos o estrangeiro transformando-o em nacional num complexo processo de miscigenação cultural. Assim, da capoeira com os filmes de kung fu chineses nasceu Besouro, lançado ano passado. Será que Cannito gosta de filmes de kung fu? Não seria um filão a ser explorado? Mas sendo curto e grosso e os filmes “sem gênero”? Eles existem, e são muitos. São os “de arte”. Não tem filme “de arte” brasileiro não? Aliás, minto, até os “de arte” têm gênero: O Acossado de Godard é policial noir, Alphaville é ficção científica, mas também é noir como Blade Runner. Deus e o Diabo de Glauber pode ser faroeste, mas não tem caubói, tem cangaceiro, aí acho que já não serve pro Cannito. Aliás, o Drácula do Coppola, eu aluguei sabe onde? Na prateleira de romance, e tem tudo a ver!


Termino imaginando com você, leitor, como seria se os cearenses deixassem de fazer filmes espíritas para fazerem os filmes “gospel” sugeridos pelo secretário, ou ainda um faroeste escrito por Firmino Holanda, uma trilha apoteótica de Liduíno Pitombeira, fotografia de Ivo Lopes e direção de Petrus Cariry. Ou um trash de Joe Pimentel. Quem sabe ainda um filme de super-herói do Alexandre Veras. Só tava faltando esse!

Nílbio Thé
buchicho@opovo.com.br
21/09/2010 02:00

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Montagens curiosas

Que o photoshop é uma ferramenta curiosa capaz de levar-nos a inimaginável todo mundo sabe. Mas "fuçando" sobre a ferramenta encontrei um site bacana (que infelizmente não gravei o endereço =B) que trazia umas montagens curiosas com o programa. Aos amantes de bons efeitos visuais e das ferramentas de manipulação de imagens: Vale a pena conferir.